Crítica de Show: Vinicius Calderoni (24/03/2013)





Uma noite mágica: assim pode ser definido o show de lançamento do CD ‘Para Abrir os Paladares’ de Vinicius Calderoni, que rolou no último domingo (dia 24) no Itaú Cultural. Nem mesmo a chuva que insistia em cair espantou o público (ansioso) da fila que começou a se formar três horas antes do início da apresentação.
A expectativa pela chegada de seu segundo trabalho solo (Vinicius também é um dos integrantes do quinteto paulistano 5 a Seco) era enorme. E ele não deixou por menos: diante de um teatro completamente lotado, Vini cantou, encantou, interpretou, surpreendeu, emocionou - foi impossível sair indiferente de lá.
Tudo foi cuidadosamente pensado e organizado: a iluminação (pelas mãos do habilidoso Wagner Antônio), o cenário (montado pela Toca Brasil), o áudio (operado pelo talentoso Adonias Souza Junior), o repertório, os objetos de cena e figurino (por Anna Turra e Valentina Soares). O jogo de efeitos entre luz e sombra e as cores muito bem escolhidas da iluminação conversavam e interagiam diretamente com as canções; o cenário, detalhado, cuidadoso e completo, seguia a linha do projeto gráfico do CD; o repertório, que contava com todas as músicas presentes do CD ‘Para Abrir os Paladares’ bem como algumas canções de seu primeiro álbum, tornaram a noite inesquecível.
Entre tantos acertos, o entrosamento entre cantor e banda merece destaque. Com Zé Godoy no piano, teclado e direção musical, Conrado Goys nos violões e guitarras, Danilo Penteado no baixo e Pedro Ito na bateria e percussão, os caras deixaram o público sem fôlego diante de tanto talento em cima de um mesmo palco - cada um deles parecia parte integrante de seu próprio instrumento. A interação entre eles e deles com a plateia foi um show à parte!
A escolha de Nenhum Suingue e Trivial (canções integrantes de Tranchã, o primeiro CD solo de Vinicius) e Tempo Morto (do coletivo 5 a Seco) foram gratas surpresas no setlist. Com uma roupagem nova e completamente diferente das originais, essas músicas emocionaram aos presentes e emprestaram mais charme ao show. Chão de Estrelas e Ontem, Hoje, Amanhã fecharam um setlist impecável.
‘Para Abrir os Paladares’ é sensorial, o que combina muito com o título, afinal. E, como sempre quando se trata de Calderoni, não é apenas uma performance musical: há um texto, um enredo, uma preparação quase teatral, sem que soe falso por isso; é completamente possível enxergá-lo ali, em todos os instantes. Não por acaso, Vini foi verdadeiramente ovacionado recorrentemente ao longo do show. Prova de que sim, a nossa música brasileira, de tempos em tempos, nos presenteia com gênios do quilate de Vinicius Calderoni.



por Bia Anchieta