Crítica de Show: Rafael Cortez (22/05/2013)

Foto: Álvaro Barcellos


Emocionante e surpreendente: assim pode ser resumida a noite de ontem (dia 22). Em clima totalmente intimista e aconchegante, Rafael Cortez subiu ao palco do Tom Jazz para apresentar seu recital de violão diante de uma casa cheia de amigos, fãs e familiares.

Baseado em seu último CD, “Elegia da Alma” (lançado em 2011) e com duas peças de grandes nomes do universo violonístico, como Heitor Villa-Lobos (“Prelúdio 03”) e Hélio Delmiro (“Emotiva 01”), a apresentação encantou, emocionou, surpreendeu. Logo de cara, ‘Nesta Rua’ (domínio público) constituída por introdução do próprio Rafael e tema com duas variações no arranjo de Isaías Sávio. Além das músicas do “Elegia”, como “Maninha”, "Cordel de Guilherme de Faria”, “Encantada”, “Quando Danço com Seu Corpo” e “Naquele Tempo”, Rafael tocou ainda duas belas peças que compôs especialmente para o audiolivro “Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcelos: “Portuga” e “Rei Luis”.

O ponto alto da noite, sem dúvida, foi a participação de seu irmão, o ator Leonardo Cortez, recitando trechos de "O Tempo e o Vento" (do escritor Érico Veríssimo) - obra que inspirou Rafael a criar a canção "A Tocaia", composta por “O Punhal”, “A Voz do Vento”, “Demasiado Tarde” e “A Morte de Pedro Missioneiro”. A peça “Vivre Pour Vivre” (Francis Lai), integrante de seu primeiro CD “Solo”, de 2005, também estava no setlist. Encerrando o show, Rafa inovou e se arriscou nos vocais: cantou e tocou “Cheiro de Amor” (famosa na voz de Maria Bethânia) e “Ela e Eu”, de Caetano Veloso.

O público, atento e inebriado, parecia não acreditar em tamanha beleza e delicadeza. Se no começo Rafael parecia levemente ansioso, a calma e a serenidade tomaram conta do palco logo na segunda peça. Bem-humorado e dono de bom jogo de cintura (qualidades inerentes ao humorista de qualidade que é), Rafael fez uma apresentação impecável – não só pela alta qualidade musical, mas principalmente por conseguir tocar o coração das pessoas e mostrar que "o violão não é apenas um mero acompanhante; ele é o resumo da orquestra".



por Bia Anchieta