Artista dos palcos





Verdade incontestável: Paula Mirhan nasceu para o palco.

Atriz e cantora, a sul-mato-grossense nativa de Corumbá mudou-se para São Paulo há mais de dez anos, para fazer faculdade em Campinas. Retornando à capital paulista após concluir o curso de Artes Cênicas, Paula foi estudar sua segunda paixão: a música. Hoje, é atriz consagrada da Cia. Les Commediens Tropicales, e cantora conhecida por diversos projetos, incluindo entre eles o espetáculo Café da Tarde e o grupo Filarmônica de Pasárgada. Mas não foi por essas terras que a arte entrou em sua vida.

Paula nasceu numa família “musical”:  desde pequena, aos 9 anos, participava de festivais em Corumbá junto com suas primas, irmãs... Cantar era algo natural, fazia parte da essência dela, e nunca foi um plano profissional. Ela cantava, e ponto. Foi só quando mudou de escola e conheceu um casal, Fred e Rose Malta, que ela se encontrou melhor musicalmente. Aprendeu com eles o melhor da música popular brasileira como Gil, Caetano, Gal, Elis, Elizeth Cardoso, Cauby, Elza Soares, Tom Zé, Mutantes, Rita Lee, Novos Baianos, Ney Matogrosso, e foi criando repertório, mas tudo nesse campo ainda era amador e passional, apenas. O teatro entrou na sua vida durante a adolescência, quando começou a estudar com a atriz e professora Bianca Machado, em Corumbá. Foi nessa fase que decidiu que seria atriz e estudaria Artes Cênicas, o que levou à mudança pra São Paulo. A profissionalização musical surgiu anos depois, quando já estudava Música, e recebeu um convite de Wagner Barbosa para gravar um CD. Hoje, ela admite que precisa das duas coisas, música e teatro, para sua realização, e que as duas artes vivem e convivem dentro de si.

E se as duas artes se cruzam em Paula Mirhan, suas influências e projetos acabam tendo um pouco de cada, um muito de tudo. Além das influências citadas acima, a geração de Paula é fundamental pra sua própria identidade. Nomes como Wagner Barbosa, 5 a Seco, Tatiana Parra, Giana Viscardi, a artista francesa Camille, Verônica Ferriani, Paulo Monarco, Dandara, Bruno Batista, Vinícius Castro... todos fazem parte do cenário pelo qual Paula transita e que produz atualmente uma música de qualidade, rica e, como ela mesma diz, “não existe em lugar nenhum do mundo!”. No teatro, Paula enxerga além e acaba inspirada também pela dança a outras artes, como Pina Bausch, À Deriva, Banksy, Cia dos Atores, Bob Wilson...
Dois destaques para o universo musical de Paula Mirhan estão em projetos diferentes (e irreverentes!) dos quais ela faz parte, que mostram o alcance do seu talento: “Café da Tarde” e a “Filarmônica de Pasárgada”.

Café da Tarde

O Café da Tarde nasceu como um único convite, em que Paula e Demetrius Lulo se apresentariam em um festival no interior da França. De projeto único, tornou-se uma pequena temporada, entre França e Portugal, em 2011. Daí surgiu a ideia de fazer um CD, para lançar apenas fora do país, durante essa turnê. Mas em janeiro de 2012, Vinicius Calderoni, amigo do casal, sugeriu algo um pouco diferente: um roteiro para esse show, algo além de apenas apresentações musicais, um “amarrado” entre canções novas e antigas, a produção atual e o que há de mais clássico em MPB. Abraçada a ideia, les fizeram diversas apresentações, várias vezes com a presença de amigos, convidados especiais, durante o ano de 2012 e, agora estão num hiato (mas do qual todos esperamos que retornem em breve!).

A música a seguir chama-se, justamente, “Café da Tarde”(Giana Viscardi /Michi Ruzitschka) e é um exemplo da reunião das belas vozes de Paula e Demetrius, e traz uma pequena amostra do que é e como funciona esse espetáculo:




Filarmônica de Pasárgada

A Filarmônica de Pasárgada é uma banda surgida em 2008, com alunos do curso de Música da USP. Com canções marjoritariamente compostas por seu idealizador, Marcelo Segreto, faz um pop arrojado, que lembra Os Mutantes, mas sem cara de cópia ou “atualização”: é um som próprio e único, divertido e cotidiano.

Mais do que uma simples reunião de gente pra cantar, a Filarmômica é um projeto que deve crescer com a entrada de mais e mais artistas diferentes (hoje conta com, além dos 8 músicos, um iluminador e cineasta). Paula diz que se sente orgulhosa em fazer parte disto, e acabam de lançar o primeiro CD “O Hábito da Força”, enquanto aumentam a agenda de shows e começam a ganhar nome e projeção em diversos veículos (experimente jogar ‘Filarmônica de Pasárgada’ no Google e você verá quanta gente tem falado deles!).
O clipe de “O Seu Tipo” (abaixo), é uma versão bem humorada, cheia de “participações” e gravado no lugar onde a banda nasceu: a própria Universidade de São Paulo.




Pra encerrar, gostaria de tentar definir o que mais me cativa nela: além da doçura misturada com potência de sua voz, o jeito sincero com que parece cantar tanto os versos mais belos e clichês como os mais irreverentes e despojados; sem contar a beleza inegável e a simpatia sempre única. A sensação de estar diante de uma grande estrela em ascensão, e de esperar tranquilamente pelo momento em que o mundo todo saberá, com todos os detalhes, quem é Paula Mirhan.


por Isa Leite